domingo, 27 de janeiro de 2008

O Caso Quênia


Todos os dias vemos nos jornais televisivos, impressos ou até pela internet alguma notícia relacionada ao Quênia, não é verdade? E infelizmente, na maioria das vezes não são boas.

O caso explodiu mesmo no dia 27 de dezembro, com a divulgação do resultado das eleições. A Comissão Eleitoral deu a vitória ao presidente, Mwai Kibaki, reeleito para um segundo mandato de cinco anos. No entanto, o principal candidato de oposição, Raila Odinga, contestou o resultado e afirma que houve fraude.

Mas é fundamental para um bom entendimento do caso, saber a história (recente, caro leitor, sem sessão nostalgia) do Quênia e de todos os últimos acontecimentos que marcaram a sociedade queniana.

Kibaki foi eleito pelo primeira vez em 2002, em eleições consideradas limpas e justas, diferentemente das anteriores. O carro-chefe da campanha de Kibaki foi a proposta de mudança, principalmente porque colocaria um fim nos 40 anos de domínio do partido Kanu.
Daniel Moi (o presidente até 2002) aceitou deixar o cargo, após governar por 24 anos.

Uma característica muito forte no processo eleitoral no Quênia, é o aspecto étnico. Toda uma etnia vota em determinado candidato, não há tanta diversidade (leia-se liberdade) de opiniões dentro de um etnia.

Tendo isso em vista, podemos agora ver os fatos atuais com um pouco mais de critério:

- A oposição pede uma nova eleição, e que nesse intervalo de tempo um governo provisório atuasse no País;
- Para tentar controlar a onda de violência, Kibaki sugere à Odinga a formação de um governo de unificação com a oposição. Odinga - obviamente- rejeita;
- Kibaki nomeia novos parlamentares. No dia da posse dos mesmos, há um grande tumulto devido a escolha do Presidente do Parlamento. O Parlamentares querem voto secreto, oposição aberto;
- Após umas sessão conturbada, o Presidente do Parlamento estava eleito: Kenneth Marende, do principal partido da oposição. Primeiro ato do mais novo presidente do Parlamento: convocação da população para 3 dias de protestos contra a eleição de Kibaki. Resultado? Mortes. Muitas mortes.

Até hoje, meus amigos leitores, essas matanças não acabaram. Nesses dias mesmo, morreram mais de 80 pessoas.


Ainda bem que no Brasil as coisas não funcionam assim há muito tempo, não é? Bem, não há tanto tempo assim. Lembram da morte misteriosa do Jango? Alguma verdades estão começando a aparecer. Mas por enquanto não passam de boatos.

O que não podemos é ver esses acontecimentos como fatos isolados e longe de nós. Deve servir para se refletir sobre a real importancia do poder, da democracia, do povo, da liberdade de expressão, da justiça e da paz.
@ Thiago Vendramini

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